Amigo de João Paulo II, cardeal Stanislaw Nagy




ROMA, quinta-feira, 19 de março de 2011 (ZENIT.org) O primeiro encontro foi quando eram jovens professores e partilhavam o vagão de trem que vai de Lublin a Cracóvia; o último, em um jantar no apartamento do Papa, em 21 de janeiro de 2005 um dia antes de ser internado pela última vez no Vaticano III, como ele chamava a Policlínica Gemelli.

Foram 30 anos de amizade e de apaixonadas discussões teológicas e sobre a Igreja, frequentemente sobre esquis, durante excursões na natureza e na neve. As lembranças são vivas na memória do cardeal Stanislaw Nagy, nascido em 1921, a quem João Paulo II nomeou cardeal sem antes ser bispo, como reconhecimento por seus estudos de eclesiologia.

Apesar do contato como colegas de universidade e mais tarde, quando Wojtyla era arcebispo de Cracóvia e o chamava para que o aconselhasse em questões de natureza teológica e para preparar os sínodos diocesanos, eu não me considerava 'amigo' dele afirma Nagy -, pois era muito grande a distância que nos separava, a meu ver.

Eu o considerava um homem muito inteligente, de capacidades excepcionais, marcado por um alto senso de moralidade. E não me achava capaz de alcançá-lo, porque ele estava muito mais alto que eu.

Fiquei sabendo da sua eleição recorda o idoso cardeal por meio da Europa Livre, a rádio clandestina, que estava mais surpresa que eu. Estávamos em Lublin e houve, entre os estudantes, uma grande explosão de alegria: nesse momento, percebi que o Wojtyla que eu conhecia se transformaria em outra pessoa.

Mas o futuro cardeal Nagy estava destinado a equivocar-se. Wojtyla o convidou a Roma para a consagração do novo arcebispo de Cracóvia, o cardeal Franciszek Macharski. Enquanto eu descia a escada do avião relata Nagy -, um homem se aproximou e me disse que eu estava convidado para jantar com o Papa, e depois me acompanhou até ele. Pela primeira vez, vi Wojtyla vestido de branco.

Ele estava igual a como era antes: simples, aberto, cordial, como o irmão que havia passado tantas horas comigo na montanha falando de qualquer tema e, ao mesmo tempo, estava cheio de majestade; dele emanava uma aura de seriedade e santidade.

É uma das perguntas que eu me faço continuamente afirma Nagy: em que momento eu percebi que estava tratando com um candidato aos altares? Acho que o primeiro indício foi a intensidade da sua oração.

Na montanha, eu havia conhecido sua natureza simples e aberta, mas ao mesmo tempo via como ele sempre procurava se retirar para rezar: já então era um místico. Esta impressão se fortaleceu nos sucessivos 26 anos de pontificado. Quando ele se aproximava do altar afirma Nagy, que pôde concelebrar com o Papa muitas vezes no Vaticano e na residência estiva de Castel Gandolfo -, parecia pertencer a outro mundo; e quando já estava idoso e sofria, essa transfiguração era ainda mais evidente.

Outro sinal que mostrava sua santidade era, também, a maneira de suportar o sofrimento, com infinita paciência, sem deixar que este interrompesse seu trabalho.

Não estive presente em sua morte prossegue Nagy -, mas, alguns dias depois, pude falar com testemunhas diretas que me contaram como foram os últimos momentos e quais foram suas últimas palavras 'Deixem-me ir ao Pai' -, que representam o selo de uma vida, porque toda a sua vida foi vivida no encontro com Deus.





(Chiara Santomiero)

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